(...)
Tanta água no coco e o riacho tão seco e só
O cercado é de toco e o arado é de pedra e pó
Um cavalo novilho e um filho que vai chegar
Sei lá...
Tem cabelo de milho o brilho do sol no olhar
Sei lá...
O cercado é de toco e o arado é de pedra e pó
Um cavalo novilho e um filho que vai chegar
Sei lá...
Tem cabelo de milho o brilho do sol no olhar
Sei lá...
Se pudesse o sol chover só a metade do que chove no meu coração
Dava um lago pra beber e o chão virava neve de tanto algodão
Filho pra criar, crescer e o gosto de rever moringa na janela
Tanto milho pra colher de nunca mais se ver o fundo da panela"
Dava um lago pra beber e o chão virava neve de tanto algodão
Filho pra criar, crescer e o gosto de rever moringa na janela
Tanto milho pra colher de nunca mais se ver o fundo da panela"
Não sei exatamente quando Sinuca escreveu a canção "Cabelo de Milho", mas eu só a conheci muito tempo depois do seu lançamento, já no Século XXI. O tema é recorrente, mas a imagem criada pelos versos é original. Um filho num breve por vir, a incerteza da seca, talvez seja uma das mais precisas metáfora sobre a angústia e a pobreza. A verdade é que a vida muda quando outras vidas dependem da nossa. Não que haja nisso o que se arrepender, mas uma nova perspectiva.
Sempre penso nesse garoto com cabelo de milho e o brilho do sol no olhar... Talvez toda criança tenha esse brilho no olhar. Talvez, todo pai enxergue esse brilho no olhar do seu rebento, renovo, esperança, novo amanhecer. A vida que se perpetua, apesar do pesar.