quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

A Igreja que virou Fã-Clube

Nao gosto muito da ideia de colocar outros conteudos além das minhas reflexões mas o texto é realmente muito bom. De autoria do músico Joêzer Mendonça, o texto nos traz uma reflexão profunda sobre o tema:

"Sem muita resistência, o mundo gospel não escapou da correnteza avassaladora do fenômeno da celebridade na cultura moderna.

Assim, o marketing da indústria fonográfica gospel procura gerar uma identificação do público com o cantor de uma forma semelhante ao modo de construção dos mecanismos de comunicabilidade da mídia secular: a divulgação do CD/DVD que ressalta o sucesso do artista, as competições e os eventos que premiam os "melhores do ano", a promoção da tarde de autógrafos ou da visitação aos bastidores, programas de TV e revistas evangélicas que mostram casamentos, aniversários e a própria casa dos cantores gospel, e assim por diante.

Para Neal Gabler, autor do livro "Vida, o filme", o culto à celebridade está substituindo a religião organizada e a própria religião tem se adaptado aos novos tempos, ao assimilar a cultura do consumo e empregar estratégias similares às da comunicação midiática secular.

Mesmo que os artistas gospel autointitulem-se “levitas” ou “ministros”, vemos que o relacionamento entre “ministros” e “fiéis” por vezes segue o padrão de tratamento mútuo entre “ídolos” e “fãs” seculares, como demonstrações de histeria durante os shows, oferta de wallpapers com fotos de cantores (sugerindo o download de posters dos “levitas”), criação de sites não-oficiais e comunidades nas redes sociais altamente devotas dos artistas.

Assim, embora os jovens conversos ao Cristianismo abandonem os ídolos da música secular, uma considerável parte dos novos fiéis parece apenas ter trocado de ídolos – os seculares pelos cristãos – tal é o nível de interesse e devoção com que buscam relacionar-se com os cantores do gospel contemporâneo.

Nem todo cantor gospel demonstra interesse no padrão de tratamento “ídolo-fã”. Alguns deles não alimentam esse comportamento. Outros acreditam que é apenas uma forma de carinho por parte do admirador da música. Mesmo assim, há espectadores que se comportam como fãs, embora isso também dependa do incentivo do artista.

Alguns dizem que o estilo de música é o gatilho que dispara a reação histérica dos fãs. Ocorre que, no século XIX, o pianista e compositor erudito Franz Liszt incendiava a platéia com suas performances fenomenais. Ele cansou de receber flores, cartas e, veja só, peças íntimas de madames apaixonadas. Mais antigamente ainda, os fãs das óperas de Haendel endeusavam a diva Francesca Cuzzoni com mimos exorbitantes.

Não é todo artista que vibra com o fanatismo. Os Beatles pararam de fazer shows ao vivo no auge da carreira porque já não suportavam os gritos histéricos que sufocavam a música.

Não digo que o público cristão seja um insensato adorador de cantores - embora em alguns casos possa ser. Ou que os fiéis assumam os cantores como seus "ídolos". Não deixa de ser uma relação de admiração e carinho também. Uma relação, aliás, que não dá espaço para qualquer crítica ao artista de sua preferência.

No entanto, alguns artistas gospel já se reportam aos fiéis com expressões como “agradeço a presença dos meus fãs” ou “um beijo para todos os meus fãs”. Tempos estranhos para o Cristianismo: ninguém consegue imaginar Pedro e Paulo agradecendo de coração à presença de “fãs gentios”. Hoje se consegue assimilar um cantor cristão mandando um beijo no coração dos seus fãs gentis."

Fonte: http://www.cristianismocriativo.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=662&Itemid=9

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Roberto Diamanso






A tarefa de escrever um blog sobre música e arte as vezes parece um desafio para um químico. Não sou um especialista no assunto e tudo que falo aqui faz muito mais juz as minhas impressões e convicções do que aos meus conhecimentos técnicos sobre o assunto.
Embora cientista (por assim dizer) por profissão, sempre fui amante das palavras, desde os meus tempos de escola técnica, de aula de literatura. A poesia dos amigos e as musicas subversivas da juventude inspiravam a busca pela nova ordem. Busca que pareceu ser interrompida quando da chegada de Cristo, se mostrou, no entanto, posteriormente, muito mais forte e fudamentada. Se Cristo, pois, é o verbo vivo de Deus, sejamos pois os conjugadores desta maravilhosa graça, de modo especial, poético. Parafraseando o Gerson Borges, é a beleza da verdade sem deixar de lado a verdade da beleza!


Todo esse preâmbulo foi apenas para fala de um camarada que admiro muito. Um verdadeiro expositor das palavras, poeta e cantador, artíficie de poemas de rara beleza que tem como um dos traços mais marcantes o gosto e habilidade com o jogo das palavras, além da influencia recebida da cultura popular nordestina, como bom representante do nordeste brasileiro.

Um dos seus poemas mais conhecidos faz um trocadilho que o define bem:


“Biruta você me chama,
Quem sabe não sou?!
Concordo até,
Um coador,
Não de pocafé
Na posição horizontal.
Quero ser e viver assim
Tal qual,
Posto que,
O vento sopra onde quer
Coador sem fundo
Sem ter onde e nem o que guardar
Sem poder jamais estar
Cheio de si mesmo
Mas que seja existir
Para orientar
Alguém que vem de lá
Vagando a esmo”



Outro poema que leva seu nome é recitado ao som de “lamento sanfonado por Sir. Abianto” traduz a alegria e a paixão de Diamanso em espalhar a “Graça de graça”:

Cada de nós tem o seu canto
mas quando agente se ajunta pra cantar,
Não sei vocês, mas eu gosto tanto
Que pergunto
Viu Sir Abianto,
se nenhum de nós é grão e outro, palha,
Pra que espalhar?
Quem nos junta é a graça
Favor que não mereço
Mas agradeço e peço
Ó Deus, me faz também querer comunicar
Àquele com quem eu interagir,Fazer sorrir
Mas que gracejo, seja o meu desejo, agraciar.
Graça faz o artista no uso do talento,
Se no recinto o ingresso é livre,
Como que ao ar livre,
Porque livre é o ar
Que lhe soprou seu artesão,
E em gratidão e a ação de graça dá!




Diamanso é aquela figura nordestina típica, traz consigo um carisma e alegria, que é intrisseco a maioria dos nordestinos e nesta simplicidade transmite verdades do evangelho de Cristo Jesus. “A sabedoria mora com gente humilde!”

Diamanso não é apenas um músico, um compositor, é um menestrel, um verdadeiro artista cujo coração está cheio da graça de Deus!

Por que sofre o justo?

Muitas vezes sou confrontado com esta difícil pergunta que assombra a vida e a fé cristã há séculos. Seja por um familiar, amigo ou mesmo um desconhecido a confessar seus motivos para não aceitar a fé cristã, todos convergem para o mesmo vértice: qual a razão para o sofrimento dos que professam a fé em Deus.
Sinceramente?! Eu não sei... Nem Deus nos deu o direito de ter uma resposta clara e concisa sobre o assunto, mas apenas vislumbres desta como nos textos de Jó e do Salmo 73.
Ultimamente tenho sido especialmente questionado sobre esta assertiva e confesso as vezes me sentir desanimado pela falta de uma resposta que possa satisfazer os meus questionadores, pessoas que amo e estimo...
Já falei aqui sobre o álbum Nordestinamente do Gerson Borges, mas não contei sobre o conforto que encontro nestes momentos difíceis ao ouvir canções como “A aposta” e “Salmo 73”. Me ajudam a sentir mais próximo do vislumbre do que poderia ser a resposta, mostrando também que o questionamento não é um privilégio meu. “Por que o homem mal não perde o sono e os meus olhos eu não prego mais?” Pois é, eu também não sei, mas não posso esquecer que de “se lembrar do seu amor”