domingo, 22 de janeiro de 2017

Meus amigos e eu quebramos o código


Em meio as monótonas vozes monotemáticas e repetitivas do mundo pop atual, às vezes, uma voz profética consegue se sobressair. Esta é mais uma daquelas canções que ouvi por acaso e para qual eu não deu o valor merecido no primeiro momento. É preciso prestar atenção na letra e perceber uma crítica ao status quo do mundo musical atual (uma canção destas escancarando as verdades do funk carioca e do sertanejo não nos cairia mal).

Royals da Lorde, uma garota neozelandesa que tinha apenas 16 anos, estourou no mundo com uma crítica bem realista a este excesso de nosense que invadiu a música pop. Louvando e engradecendo um estilo de vida totalmente inacessível para a maioria das pessoas e insustentável seja qual for o modelo econômico adotado no mundo, o pop se tornou um desfile de excentricidades e paranoias, uma repetição incansável de superficialidades. E assim destruiremos aquilo que nos torna humanos: a capacidade de criar. Royals expõe tudo isso ao colocar o dedo na ferida aberta da imbecilidade fabricada em nome do hedonismo e do lucro.


Esta neozelandesa que se autointitula Lorde (seu nome de batismo é Ella Marija Lani Yelich-O'Connor), me chocou com a força e a forma com que deixou em Royals a marca de sua indiginação. Creio que muitos compartilham deste mesmo sentimento, num mundo de superficialidades, é importante compreender o que se passa ao nosso redor. Seria muito mais útil para a humanidade se estivéssemos enaltecendo os bons exemplos que estão todos os dias a nossa volta do que registrando nossa admiração por uma vida de ostentação e superficialidades mesquinhas. É preciso aceitar que não faremos do mundo um lugar melhor submetendo-nos a este lixo comercial que só glorifica a imbecilidade.

Royals
(Lorde)

I've never seen a diamond in the flesh
I cut my teeth on wedding rings in the movies
And I'm not proud of my address
In the torn up town
No post code envy

But every song's like gold teeth, grey goose
Trippin' in the bathroom
Blood stains, ball gowns
Trashin' the hotel room
We don't care
We're driving cadillacs in our dreams

But everybody's like cristal, maybach
Diamonds on your timepiece
Jet planes, islands, tigers on a gold leash
We don't care
We aren't caught up in your love affair

And we'll never be royals
It don't run in our blood
That kind of lux just ain't for us
We crave a different kind of buzz

Let me be your ruler
You can call me queen bee
And baby I'll rule (I'll rule, I'll rule, I'll rule)
Let me live that fantasy

My friends and I, we've cracked the code
We count our dollars on the train to the party
And everyone who knows us knows
That we're fine with this
We didn't come from money

But every song's like gold teeth grey goose
Trippin' in the bathroom
Blood stains, ball gowns
Trashin' the hotel room
We don't care
We're driving cadillacs in our dreams

But everybody's like cristal, maybach
Diamonds on your timepiece
Jet planes, islands, tigers on a gold leash
We don't care
We aren't caught up in your love affair

And we'll never be royals
It don't run in our blood
That kind of lux just ain't for us
We crave a different kind of buzz

Let me be your ruler
You can call me queen bee
And baby I'll rule (I'll rule I'll rule I'll rule)
Let me live that fantasy

Ooh ooh oh
Ooh ooh oh
Ooh ooh oh
We're bigger than we ever dreamed
And I'm in love with being queen

Ooh ooh oh
Ooh ooh oh
Ooh ooh oh
Life is great without a care
We aren't caught up in your love affair

And we'll never be royals
It don't run in our blood
That kind of lux just ain't for us
We crave a different kind of buzz

Let me be your ruler
You can call me queen bee
And baby I'll rule (I'll rule, I'll rule, I'll rule)


quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Someone to rely on

Não me lembro exatamente quando foi a primeira vez que ouvi Somewhere Only We Know. Acho que foi meio sem querer, mudando de canal na televisão e assistindo aquele bonequinho estranho do videoclipe. Confesso que não prestei muita atenção na letra, inicialmente. Até mesmo por que não muito bom ouvindo inglês, preciso prestar muita atenção ou então, procurar a letra na internet.

Desde então, não posso negar minha total identificação com este sentimento de não-pertencimento descrito pelo eu-lírico desta singela canção. Quem não precisa de alguém para confiar neste mundo caótico e indiferente, onde todos se importam e ninguém se importa, na prática. São de amores líquidos e passageiros de que se alimenta quem a ninguém quer amar. Não se ama para não se magoar, e magoa-se por não amar. É mais simples usar os outros e fazer dos laços afetivos relações comerciais, processos de troca, perde-e-ganha.

Acho que hoje ninguém entende ninguém, mais do que isso, ninguém se importa em entender ninguém. A gente vive nesta miserável procurar por algum lugar especial, onde se possa fugir de tudo isso. Mas este lugar parece não existir. E eu que já moro há muitos anos longe de casa sempre me pergunto: Is this the place, we used to love? Is this the place that I've been dreaming of?

Confesso que não gosto muito de regravações; a gravação do Keane diz tudo o que tem pra ser dito. Mas confesso que acho tão linda a versão da Lilly Allen. A primeira me parece mais visceral, mais como um desabafo. A segunda me lembra um educado pedido por ajuda, um convite para mudar tudo que você pode na vida de quem você ama. Os olhos se enchem de lágrimas.

I walked across an empty land
I knew the pathway like the back of my hand
I felt the earth beneath my feet
Sat by the river and it made me complete

Oh, simple thing, where have you gone?
I'm getting old and I need something to rely on
So tell me when you're gonna let me in
I'm getting tired and I need somewhere to begin

I came across a fallen tree
I felt the branches of it looking at me
Is this the place, we used to love?
Is this the place that I've been dreaming of?

Oh, simple thing, where have you gone
I'm getting old and I need something to rely on
So tell me when you're gonna let me in
I'm getting tired and I need somewhere to begin

And if you have a minute why don't we go
Talking about that somewhere only we know?
This could be the end of everything
So why don't we go
Somewhere only we know?
(Somewhere only we know)
Oh, simple thing, where have you gone?
I'm getting old and I need something to rely on
So tell me when you gonna let me in
I'm getting tired and I need somewhere to begin

And if you have a minute why don't we go
Talking about that somewhere only we know?
This could be the end of everything
So why don't we go
So why don't we go
This could be the end of everything
So why don't we go
Somewhere only we know?
Somewhere only we know?
Somewhere only we know?




A versão de Lilly Allen

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Voltar a escrever

Resolvi voltar a escrever. Não por desejo, por necessidade, talvez. Há momentos em que escrever parece ser o melhor remédio. Estes dias uma canção não me sai da cabeça. Palavra de honra, gravado por Jessé, o cantor de origem evangélica e que ficou famoso por cantar Porto Solidão.

Palavra de honra

"Palavra que eu não sei o que fazer

Com essas coisas dentro do meu peito

Rancores, desamores do passado

Aproveitam meu estado

E tua vaga no meu leito

São grandes invisíveis inimigos

Que habitam nosso quarto sem ruídos

Me tornam presa fácil do perigo

Juventude se esvaindo

Em cada frase que eu digo

Palavra que eu não sei como evitar

Dizer coisas amargas pra idade

Dobrada que me foi pela desdita

De uma eterna mente aflita

A querer felicidade."

Acho belíssimos os versos dessa canção, desde a primeira vez que a ouvi, senti uma identidade imediata com a temática. Para quem não conhece, vale a pena conferir Jesse cantando esta musica.