domingo, 11 de dezembro de 2011

Fenomeno de industrialização

Palavras parafraseadas do Jorge Camargo:

"As grande gravadoras chegaram e impuseram pro publico um determinado estilo, um modo de fazer arte. Arte não pode ou nao deveria ser imposta. Com isso, Há uma infatilização da linguaguem, uma perda da imaginação uma vez que a linguagem poética é imaginativa e livre. E se você nao tem isso na obra de arte, ela nao tem verdade e integridade, arte tem que ter o belo presente, mesmo quando o belo descreve uma coisa que nao é bonita."

Pausa discreta

Meu coração também fez sua pausa discreta, mas ta de volta pra compartilhar um pouco do seu universo....

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Fome de que?

Quando eu era criança, acreditem, não faz tanto tempo assim, me lembro de uma canção dos Titãs que insistia veementemente numa pergunta: Você tem fome de que? Você tem sede de que? Agente não quer só comida... (Comida, Titãs)
É bem provável que, naquela tenra idade, eu nem entendesse ao certo acerca do que a letra se tratava, mas eu achava legal o tom contestador, talvez ali já se revelasse em mim um caráter contestador (que nunca se desenvolveu completamente, diga-se de passagem...)
Em outro momento da minha vida, alguns anos depois, me deparei com uma outra realidade. Diante de meus olhos uma nova cosmovisão se abriu quando após ouvir a mesma pergunta (você tem fome de que?) Alguém se inclinou para mim e recitou: “Nem só de pão viverá o homem, mas de toda Palavra que vem da boca de Deus”. Pensei em todos os níveis de fome que um homem pode enfrentar (biológica, emocional, mental...).

Hoje, acho que mais de 20 anos depois de ter ouvido a pergunta do Titãs, o que será que eu respondeia?! Como sempre, acho que responderia com uma música...

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Nossa Música Brasileira - 2011



5° Edição no Nossa Música Brasileira aconteceu no último final de semana no acampamento Jovens da Verdade em Arujá - SP. Fomos premiados com apresentações maravilhosas e palavras abençoadoras!

Rubão agitou a galera com o Reggae maranhense.

Gladir nos trouxe uma palavra abençoada sobre a verdadeira adoração.

Marcos Cardozo nos trouxe um pouco da sua musicalidade!

Stenio Marcius e Diego Venancio.









sábado, 20 de agosto de 2011

Se não ouviu ainda, ouça: Água no Deserto - Gladir Cabral (2009)







Sempre lidando com a poesia e os temas do cotidiano, este é um trabalho realmente diferenciado na obra do Gladir Cabral. Digo isso por causa da temática e especialmente do conteúdo poético. No último som do céu, ouvi um depoimento do Jorge Camargo que pontuava momentos marcantes em sua vida como artista. Jorge afirmava, com razão, que o Gladir é certamente nossa maior referencia poética da atualidade.

Com uma poesia singular, o Gladir trouxe neste trabalho canções belíssimas. Eu queria pontuar algumas que são especiais.

A canção tema, água no deserto, é de uma beleza e de um vigor poético que me deixa impressionado. Gladir abusa das rimas ricas, e faz um belíssimo poema cantado:


Água no deserto
(Gladir Cabral)


Um pequeno grão de areia leve e solto,
carregado à tarde pelo vento louco,
Uma rocha imensa entre o tudo e o nada,
Uma duna adormecida e tão calada.
Uma estrada longa e sempre assim, vazia,
Ao cair da tarde lenta e sombria,
Aridez de um campo amplo e bravio
Falta de alegria, sequidão de estio.

Mas tu, preciosa como água no deserto,
Uma estrela viva neste mar aberto
Tua mão apoia o meu braço incerto,
Estás bem perto.

Um pequeno grão de areia no universo,
Movimento mudo e tudo tão disperso.
Um gota de oceano entre as estrelas,
Brilha de alegria tão feliz por vê-las,
Uma planta espera a estação da chuva,
Uma prece ecoa pela noite turva,
Uma ponta de espinho e de medo,
Ventania seca pelo arvoredo.

Mas tu, colorido como a linda primavera,
Clara como a lua que jamais se altera,
Clara bóia nua sobre a luz da esfera,
Quem me dera estar contigo sempre.
Mas tu, preciosa como água no deserto,
Um estrela viva neste mar aberto,
Tua mão apoia o meu passo incerto,
estás bem perto.

Dança de roda é uma canção muito bonita, que me lembra nossa chegada no céu!!!

Dança de Roda
(Gladir Cabral)

Bem melhor do que navegar sozinho
Bem melhor do que caminhar sem par
Muito mais do que só se olhar no espelho
Ou ver a própria sombra…

Pega a sanfona, traz a viola, toca a rabeca (olerê)
Chama os tambores e os tocadores pra nossa festa (olará)
Faz uma fogueira, planta uma bandeira, canta a noite inteira (aiá)
Convida todos os ritimistas para a calçada (olerê)
Pega as estrelas, põe nas soleiras da madrugada (olará)
Dança moçambique, dança marujada, dança de congada (aiá)

Uma parte da vida é suor e pão
Outra parte é pandeiro e celebração
Tudo tão bom
Se a mão de quem planta puder colher

Ir além dos limites do próprio corpo
Por o pé nas fronteiras do nosso chão
Palmo a palmo, alcançar com algum esforço
O esboço de outra palma

Ver o riso pousado em cada rosto
Ter o gosto de reaprender a andar
Como quem sabe caminhar dançando
Ao toque da viola

Viva a alforria! Viva a alegria! Viva a fartura! (olerê)
Que haja folia e cantoria, que haja procura (olará)
De uma dança nova, de um casa nova, de uma vida nova (aiá)
Dança de roda, dança de rua, dança de novo (olerê)
Festa de maio, festa de negro, festa do povo (olará)
Canta a novidade, canta de verdade, canta a liberdade (aiá)

É que a vida floresce nos pedregais
E renova a florada dos matagais
Belos sinais
Da chegada certeira de um tempo bom

Outra canção belíssima se chama O Sonho, uma parceria com o Jorge Camargo:

O Sonho

( Gladir Cabral)O sonho da semente é o trigo
O sonho do padeiro, o pão
O sonho do poeta, o livro
O sonho do livro, a visão
O sonho da visão, a estrela
O sonho da estrela, o céu
O sonho do céu, o Filho Amado
que um dia nasceu em Belém
e foi qual semente que morre
e foi qual poeta que canta
e foi como a gente que parte
e que come pão, livro, estrela e céu
Gladir Cabral - Água no Deserto

1. Sinal de Amor (ouça aqui)
2. Um novo dia
3. Desapego (ouça aqui)
4. Palavra de Amor
5. Passarinho
6. Água no deserto
7.Pausa (ouça aqui)
8. Simplicidade
9. O Sonho (ouça aqui)
10. Terra
11. Dança de roda
12. Este País (ouça aqui)
13. Eterno
14. Rei do universo (ouça aqui)

Outras canções podem ser ouvidas no site do Gladir: www.gladircabral.com.br

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Janela


Há alguns dias recebi uma música por email. Não é uma música qualquer. Uma belíssima. Tenho uma amiga (a Roberta) que viu esta bela poesia (escrita pela Raissa), postada juntamente com uma foto (feita pelo Raony). Acontece que a Roberta resolveu compartilhar a poesia com o Gladir Cabral, através do Twitter. Os dois entraram no concesso de que tão bela poesia carecia de uma companheira. Uma melodia!
Depois de uns 3 dias, o Gladir enviou para a Roberta esta canção, para qual resolveu dar o nome Janela:

Janela
(Raissa Monteiro e Gladir Cabral)



Moldura que pincela
O dia em aquarela
Cotidiano dos seus olhos se modela
Bela sentinela
Senti nela
Sem ti, nela estou

Olhei por meio dela
Abrindo suas asas
A mais cotidiana das mazelas
E suspirei por ela
E sus! Pirei por ela
E ela nem notou

Minha janela
Já sonhei nela
Minha janela
Já chorei por ela
Uma donzela
Uma cancela
Uma viola perto da janela

Valeu pessoal por compartilhar conosco!! Fantástica a poesia, belíssima foto e trabalho magistral do Gladir!

Há alguns dias recebi uma música por email. Não é uma música qualquer. Uma belíssima. Tenho uma amiga (a Roberta) que viu esta bela poesia (escrita pela Raissa), postada juntamente com uma foto (feita pelo Raone). Acontece que a Roberta resolveu compartilhar a poesia com o Gladir Cabral, através do Twitter. Os dois entraram no concesso de que tão bela poesia carecia de uma companheira. Uma melodia!
Depois de uns 3 dias, o Gladir enviou para a Roberta esta canção, para qual resolveu dar o nome Janela:

Janela
(Raissa Monteiro e Gladir Cabral)



Moldura que pincela
O dia em aquarela
Cotidiano dos seus olhos se modela
Bela sentinela
Senti nela
Sem ti, nela estou

Olhei por meio dela
Abrindo suas asas
A mais cotidiana das mazelas
E suspirei por ela
E sus! Pirei por ela
E ela nem notou

Minha janela
Já sonhei nela
Minha janela
Já chorei por ela
Uma donzela
Uma cancela
Uma viola perto da janela

Valeu pessoal por compartilhar conosco!!

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Apresentação do Jorge Camargo no Youtube

Já esta disponível no canal da Foryou Films no youtube o show com making of do novo trabalho do Jorge Camargo. Além de apresentar as músicas do seu novo trabalho, o Jorge comenta sobre as canções, e revela detalhes sobre as composições.


 Vale salientar a qualidade do trabalho, que conta com parcerias com outros compositores e revela um novo momento no trabalho do Jorge.
 Vale a pena passar por lá e conferir!!!

sábado, 23 de julho de 2011

Jacó e o Anjo


Jacó é, sem dúvida, uma das figuras mais enigmáticas do antigo testamento. Jacó, o enganador, enganou e foi enganado, entretanto, seu encontro com o Anjo do Senhor mudou por vez seus caminhos. Este encontro é realmente belíssimo e se há uma canção que conseguiu captar um raio desta beleza, foi esta que vos apresento.
Esta canção do Stenio foi apresentada no programa Papo Na Rede do site do Koinonia on line.


Face a Face
(Stenio Marcius)




Eu vou impedir a tua partida
Se tu não me abençoares agora
Tu sabes "a quantas" anda minha vida
Como é atrapalhada a minha história

Já faz tanto tempo que luto contigo
Eu trago as marcas de quem se arrefrega
Ataques, defesas, momentos de trégua
Eu quero me render a ti, não consigo

Em casa eu deixei pegadas sombrias
E trouxe a dor de ferir quem se ama
Do fundo peito a alma reclama
Viver por si mesmo so traz agonia

O sol ta nascendo e queres partir
Se tu me deixares, não tenho aonde ir
Ferido que estou, te abraço mais forte
Refaz minha vida, me dá outra sorte

Já que em graça me permites
Que eu na força do meu braço
Lute e implore pra que fiques
Pois que vença o mais fraco

Vi teu rosto face a face
Tudo em mim então renasce
Saio torto, ando de lado
Mas por dentro vou curado

ps. queria postar a musica, mas o servidor ta fora...depois eu posto! :P

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Dali, o tempo e o Borges


De todos os relógios derretidos das pituras de Dali ao tempo que passa como fumaça que se dissipa nas canções do Gerson Borges, volta e meia eu pego nas reflexões temporais. Ó Tempus Fugit, como te alcançar? "Pra onde corre o relógio que agente ta sempre com ódio porque perdeu a hora, e perdeu o sábado e perdeu o início de um filme que mal começou?"

terça-feira, 19 de julho de 2011

Pescador - Sérgio Pimenta


Vendo a pintura da Tarsila do Amaral por estes dias, lembrei do Pescador do Sérgio Pimenta:


É manhã pescador
Já se lança no mar
Pra pegar uns pescados
Pra ganhar uns trocados para se sustentar
Sol à sol com suor
Céu e céu, mar e mar
Quando enfrenta perigo
Logo lembra do amigo
Que não pôde voltar
Meia volta se faz
Não dá pra retornar
Some o sol, some a cor
Surge o medo e temor
E esquece da dor
E esquece do pão
E esquece o metal
Sabe que de sua vida se Deus não der guarida
O que vem é fatal
Pois se a vida é naufrágio
Todo o esforço é fracasso
Só Deus tem solução

Fiquei pensando como as prioridades da nossa vida mudam conforme as condições de contorno mudam. Quando era pescador pensava no peixe, mas quando vinha o temporal só pensava em evitar o naufrágio.

Sempre lembro de uma canção dos Engenheiros do Hawaii: "Hey Mãe, eu tenho uma guitarra elétrica, durante muito tempo isso foi tudo o que eu queria ter, mas hey Mãe, alguma coisa ficou pra trás, antigamente eu sabia exatamente o que fazer..."
Acho que hoje as vezes me pego com este sentimento de não saber o que fazer...
Acho que é por isso que o Sergio lembrou que Só Deus tem solução... Solução para os nossos dilemas, solução para as nossa aflições...
Ps. Fantástica a pintura da Tarsila, não?!

domingo, 3 de julho de 2011

Se não ouviu, ouça! – Ouvi dizer – grupo Elo (1978)


Nascido do coração do maestro Dick Torrans e de jovens estudantes do Instituto Bíblico Palavra da Vida (entre eles Paulo Cezar da Silva e Jayro Trench Gonçalves), o grupo Elo surgiu na década de 70 com uma proposta musical e literária diferenciada.

Propondo-se a aliar uma produção musical de boa qualidade e com conteúdo relevante da palavra de Deus, visando a evangelização principalmente de jovens. Se alinhando com a proposta vigente da Missão Vencedores por Cristo, buscavam sensibilizar as liderenaças evangélicas da época para se buscar formas adequadas na evangelização e na edificação espiritual.
Além de Jayrinho e Paulo Cezar passaram pelo grupo suas respectivas esposas Nilma Soares e Nancy Torrens além de Oscar Valdez, Beto MoraesTim J. Schlener e Reginaldo.



O primeiro trabalho do grupo Elo foi um álbum com características artesanais, gravado em 1976 apenas com violões, mas com um conteúdo poético e teológico muito relevante. Composições como “calmo, sereno e tranqüilo”, “santo lugar”, “foi assim” e “seguir a Cristo” fizeram parte deste primeiro trabalho.


Depois veio “Nova Jerusalém”, um trabalho mais elaborado, que manteve a mesma linha poética, manteve, contudo, algumas composições do hinário popular cristã. Contou com a participação do Guilherme Kerr nos violões e do Nelson Bomilcar no contrabaixo. Em 1978 eles gravaram o que certamente deve ser o seu trabalho mais conhecido, Ouvi dizer.



1. Calmo, Sereno, Tranquilo  (ouça aqui)
2. Mais perto quero estar (ouça aqui)
3. Ao sentir (ouça aqui)
4. Ouvi Dizer (ouça aqui)
5. Jesus Provou (ouça aqui)
6. Céu Lindo Céu (ouça aqui)
7. Você Chegou (ouça aqui)
8. Autor da Minha Fé (ouça aqui)

Canções como "Calmo, Sereno e Tranquilo", "Ao sentir", "Jesus Provou" e "Autor da minha fé" tornaram-se clássicos, sendo ainda hoje cantadas e regravadas por vários cantores.



Este álbum traz a primeira gravação de uma música excepcional chamada Autor da Minha Fé. Certamente a mais bela canção escrita na língua portuguesa, dificilmente será superada. Não é a toa que ela é a composição mais conhecida do Paulo Cezar, sempre cantada ao final das suas apresentações no Grupo Logos.


Ouvi dizer foi um dos primeiros álbuns de musica cristã que eu ouvi nos primeiros anos de minha conversão. Além de ter me guiado para muitos outros trabalhos e composições relevantes, sempre fico emocionado quando ouço Autor da Minha fé. Embora não tenha vivido a época, não é difícil imaginar o impacto que este trabalho de grande relevância literária teve na musica brasileira.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Tempo que passa - Gerson Borges


Magnifico! Eu fico sem palavras... Canção sobre o tempo.... quando ouço me dá um arrepio da espinha e um aperto no coração... muito linda! Valeu GB por compartilhar conosco tão bela canção!
Canção para o tempo que passa
Gerson Borges
Embora o Longe esteja ao alcance
Embora o Nunca esteja tão agora
Se ele não encara o medo
Que lhe manda embora
São os dias que desaparecem
E aquela angústia não demora
Quando acordar e ver
A sua vida jogada fora
São os sonhos que se acabam, sonhos
( Se bem que sonho, igual fogueira
Sem combustível cai
A sua chama não permanece )
Anda, pensa:
Nossa vida, o que é?
Uma breve fumaça
Que some no ar
É tempo que passa
Ninguém vê passar
Eu continuo sobre a mesma Pedra
Eu continuo sobre a mesma Rocha
Mas vejo na areia outra casa que escorrega
São os dias que desaparecem
E aquela angústia não demora
Quando acordar e ver
A sua vida jogada fora
São os sonhos que se acabam, sonhos
( Se bem que sonho, igual fogueira
Sem combustível cai
A sua chama não permanece )
Banda: Gerson Borges: violão, voz, arranjo Marcio Teixeira: bateria Cassio Coutinho: Piano ( Rhodes ) Ozeas Miranda: Baixo José Arimatea : Trompete Gravado ao vivo no Som do Céu ( BH, Páscoa, 2011 )


segunda-feira, 27 de junho de 2011

Se não Ouviu, ouça! – Plantando a Semente/Fruto da Semente – Grupo Semente (1985)


Nascido em 1982, o grupo Semente conseguiu unir num mesmo projeto uma equipe invejável músicos e compositores dos anos 80. Guilherme Kerr Neto, Sergio Pimenta, Nelson Bomilcar, Gerson Ortega, Jorge Camargo, Edy Chagas, Marcos Mônaco, Miriam Ortega, Carla Bomilcar, Sonia Pimenta e Helio Campos estiveram juntos por 7 anos em torno desta visão de compartilhar uma musica com conteúdo da palavra de Deus e com o melhor da nossa cultura.

Gravaram Plantando a Semente que trouxe as canções “Nem um momento só”, “Trigo e Joio” e “Resposta Certa”. Com certeza é um trabalho excepcional, entretanto, como o proprio nome sugere, algo maior ainda estava por vir. E se a semente já era assim, imaginem então o seu fruto.

 Fruto da semente trouxe uma riqueza musical singular. Do chorinho ao rock, passando pela musica instrumental, este álbum se destaca pela preciosidade da poesia do Sergio Pimenta, pela suavidade da interpretação do Jorge Camargo que deu vida a belíssima canção “Fruto da Semente”, a interpretação comovente no piano do Gerson Ortega em “Ele é o teu louvor”, além das belíssimas harmonizações vocais de “Vem Comigo”, “Nada como antes”, “Antes” e “Idéia Melhor”. E o que falar do solo de saxofone do Marcos Mônaco em “Vem Comigo”?!


O legado musical do Grupo Semente é indiscutível. Trouxe a poesia e a musicalidade brasileira para a música cristã e contribuiu para fortalecer a visão que foi gerada pelo “De vento em popa”. Alias, muitos dos integrantes do Grupo Semente,  participaram deste e certamente criaram ali um vinculo que culminou com o nascimento do grupo.


domingo, 12 de junho de 2011

Se não ouviu, ouça! – Rebanhão- Mais doce que o mel (1981)

Este ano esta fazendo trinta anos do lançamento do Mais doce que o mel do Rebanhão. Este é outro album que tem uma importancia imensuravel para a musica cristã brasileira. Representou uma ruptura e trouxe novos horizontes e hoje em dia ainda é dificil encontrar alguem que viveu aquela época e nao tenha sido impactado pela musica e pela pregação do Rebanhão e do Janires.

Gravado nos idos de 1981, foi o primeiro trabalho do grupo idealizado pelo Janires que contava ainda com a presença do vocalista e guitarrista Carlinhos Félix, do baterista Kandell Rocha, do percursionista Zé Alberto, do baixista Paulo Marotta.


Sem duvida a proposta do Janires era revolucionaria para época e por vezes ele foi tido por herege. O grupo se propos a investir numa linguagem urbana e longe das formulas de evangelismo vigentes da época, incorporou ao Rock n Roll, Country, Jazz e Disco a musicalidade brasileira do samba, choro e baião pra compor um álbum singular.

Lançado pela gravadora Doce Harmonia, o LP teve um impacto muito profundo na época e muitas radios se recusaram a tocar e igreja a receber o grupo. A propria capa já dava o tom da ruptura. No lugar daquelas tradicionais fotos de pessoas com a biblia na mão, vestidas de paletó e gravata, um cidadão de camisa aberta: Janires Magalhães Manso.

Aliás, Janires era uma figura a parte, “Ironizava os políticos corruptos, os comerciais da TV, parodiava filmes e novelas, falava das realidades, de sonhos, fracassos e frustrações, do pecado e da miséria resultante, para apresentar, em fulgurante contraste, a estonteante luz, a estupenda graça e a infinita paz de Jesus Cristo”, segundo o próprio Paulinho.


As letras do Janires são fantásticas. Primeiro baião gravado por um musico evangélico brasileiro, Baião revela bem o estilo literario de Janires, ironico e ousado, Janires faz o que hoje talvez as pessoas chamariam de missões urbanas, trazendo as verdades do evangelho para o dia a dia das pessoas dos grandes centros urbanos. O que fala de Salas de Jantar e o seu famosissimo verso:

"Mas como já ensinava o velho profeta,
se a tristeza tentar pegar o seu coração,
pegue a guitarra e cante um Rock,
pra louva a Jesus, pra louvar a Jesus"

Como dizia o proprio Janires numa gravação sua em K-7 que rola ai pela net, tudo que ele queria era falar sobre a realidade.Realidade que está bem presente numa das suas canções mais conhecidas. Casinha é um chorinho na sua concepção musical, mas é tão atemporal e profunda que ultrapassa os limites musicais e é capaz de falar ao coração de todos!


Segundo o proprio Paulo Marota, "Essa música nos abriu espaços e muitas oportunidades para pregar o Evangelho em praias, praças, teatros, rádios (não posso esquecer do Paulo César Graça e Paz e da Radio Boas Novas em Vila Isabel, no Rio, onde tudo começou), TV, jornais, coretos, estações, e ruas desse Brasil afora. Muitas pessoas ouviram o Evangelho da boca do Janires, e algumas delas tiveram suas vidas transformadas pelo poder do Evangelho de Jesus Cristo."

Sem dúvida, ao contrario do que possa parecer para alguns, a musica do Rebanhão não se tratava de modismo, mas de uma nova linguagem que tinha como propósito principal alcançar os inalcançaveis. A diferença maior era a motivação: Evangelizar!

Musicas:
1. Tudo Passa (ouça aqui)
2. Monte (ouça aqui)
3. Mel (ouça aqui)
4. Pout-pourri: Salas de Jantar (ouça aqui)
5. Passageiro (ouça aqui)
6. Baião (ouça aqui)
7. Refúgio (ouça aqui)
8. Amizade (ouça aqui)
9. Casinha (ouça aqui)
10. Tudo é meu (ouça aqui)
Sem duvida, Mais doce que o mel é uma importante obra da musica brasileira! Se não ouviu, ouça!

sábado, 11 de junho de 2011

Se não ouviu, ouça! – De vento em popa – Vencedores Por Cristo (1977)



O ano era 1977, a equipe reunia muita gente talentosa, Sérgio Pimenta, Aristeu Pires, Guilherme Kerr, Edy Chagas e Artur Mendes. Fundada pelo missionário americano Jaime Kemp em 1968 com o objetivo de preparar jovens universitários e pré-universitarios para a evangelização, VPC gravou rádios álbuns antes de apostar num trabalho inteiramente brasileiro.


 
Sergio Leoto, Guilherme Kerr, Arthur Mendes e Ederly Chagas, em ensaio vocal para gravação de de vento em popa. Fonte: VPC


O momento nas igrejas evangélicas era outro e muitas igrejas ainda se quer aceitavam guitarra e bateria na sua liturgia. O hinário era composto especialmente de hinos americanos traduzidos para o português pelos missionários e ritmos brasileiros passavam longe da porta da igreja.

Foi neste tempo de grandes transformações na sociedade brasileira, quando a boa musica aflorava por todas as esquinas das grandes cidades que o Jaime Kemp resolveu dá uma oportunidade para a juventude do VPC gravar um LP apenas com canções próprias. Nascia um marco na historia da musica brasileira, uma verdadeira obra de arte, repleta de melodias e harmonias encantadoras. De vento em popa é uma unanimidade, um divisor de águas, temas de dissertações, estudos e muitos debates sobre a “nacionalização” da liturgia brasileira. Afinal, temos no nosso sangue verde e amarelo as raízes do samba, xote, xaxado e baião.


Livro De Vento em Popa - Fé Cristã e Musica Popular Brasileira (2009) de autoria do Jorge Camargo sobre este trabalho musical que mudou a historia da musica evangelica brasileira.


A canção tema (ouça aqui ) foi composta pelo Aristeu Pires Junior e mesmo que depois disso o Aristeu não tivesse composto mais nada seu legado já seria incontestável. A musica é um primor, com uma levada estilo bossa nova, um coro masculino que lembra o MPB4 canta uma reflexão sobre a vida e sobre abrir o coração para Cristo bem no estilo brasileiro.

Sergio Pimenta


O trabalho tem ainda as canções Sinceramente (Ederly Chagas e Arthur Mendes), Por onde Vais (Sergio Pimenta), Salmo 139 (Aristeu Pires Jr),  Vai Caminhando (Guilherme Kerr), A Roseira (Aristeu Pires Jr),  Vou Chegar (Música: Arthur Mendes, Letra: Sergio Pimenta),  Mais Perto, Canto (Ederly Chagas), o Reino do Filho (Guilherme Kerr), Canção pra Pedro (Aristeu Pires Jr) e Cada Instante (Sergio Pimenta).

Por onde vais tem um fato interessante: Segundo Jorge Camargo (www.jorgecamargo.com.br), a presença do bongô, instrumento de percussão de origem cubana, constituído por dois pequenos tambores unidos por uma barra de metal, e que são tocados com baquetas ou com os dedos. A utilização de um instrumento com essas características em uma gravação de música religiosa cristã naquela época foi considerada por muitos líderes mais conservadores uma verdadeira afronta. Instrumentos de percussão em geral eram associados aos rituais das religiões afro-brasileiras, não podendo, portanto, servir de acompanhamento ou adorno a nenhum tipo de música que se propusesse a ser cristã. O De Vento em Popa mais uma vez revoluciona.


 Acho o album de Vento em Popa fantastico, mas seja qual for a obra, sem temos as nossas preferidas. Eu gosto muito das canções Roseira (ouça aqui), Salmo 139 (ouça aqui), Vai Caminhando, Vou Chegar (ouça aqui), Canção pra Pedro (ouça aqui) e Cada Instantes (ouça aqui).
Eu acho a harmonização de Canção pra Pedro uma obra prima a parte. A interpretação de cada instante singular, além de ser esta uma canção muito intimista. Vou chegar é um verdadeiro hino contra essa coisa esta filosofia barata do  "deixa a vida me levar" que muita gente tanto gosta de repetir.
É um album que vale a penas ouvir nao so pela sua importancia historica mas tambem pela sua qualidade estética, musical e poética. Se nao ouviu ainda, ouça!

domingo, 5 de junho de 2011

Alhambra, Gladir Cabral e Gerson Borges

Alhambra
(Gladir Cabral & Gerson Borges)

"Queria tocar os sinos
Da majestosa catedral
Pensei em compor os hinos
Pintar as faces do vitral
Mas tu me fizeste olhar o chão
E repintar os rodapés
Silenciar em meio à sombra do jardim
E foi assim que eu aprendi
A aguardar o tempo bom
A viração do vento sul
O recomeço da estação
Para plantar, para regar, para podar
Para sonhar o renascer da floração
Perto da terra, umedecer
Em meio à horta, serenar
Tua vontade obedecer
.
Um dia a tristeza disse
Que eu nunca mais seria alguém
Melhor que eu me demitisse
Pulasse deste velho trem
Mas tu me fizeste olhar o céu
E eu comecei a ver melhor
Ver teu amor a envolver a minha dor
E me fazer voar além
Da torre desta catedral
Ares de Allambra, luz e bem,
Logo depois de Portugal
Beira de rio, onda do mar, vento mais frio
Luz do luar, perto da Estrela D’alva
Pra ver a Terra amanhecer
E com o sereno repousar
Onde tua mão me colocar"



Alhambra em árabe significa a vermelha (Al Hamra). É uma cidade localizada no municipio de granada na Espanha. Como outras cidades de origem mulçumana da época, o maior atrativo da cidade é a decoração dos interiores, rica em detalhes da arte islâmica. É considerada patrimonio mundial pela Unesco:

Vista de alhambra a noite.

Vista de alhambra de dia.

Detalhes da arte islâmica em Alhambra:


Depois de postar a letra desta música do seu tumblr, o Gerson Borges nos desafiou a pensar sobre o que esta música fala. Eu não perdi a oportunidade do desafio e comecei a pensar sobre o texto e sem querer ser pretensioso ou suficientemente letrado para trazer a tona toda a riqueza literária da poesia do poeta Gladir Cabral, me dei por satisfeito em trazer a memória algumas passagens biblicas que acredito se encaixarem bem em alguns trechos desta letra.

Sem dúvida a musica fala sobre um tempo oportuno. O pensador escreveu em Eclesiastes: " Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu (Ec 3:1)."
Há tempo oportuno para se "tocar os sinos, Da majestosa catedral", tempo para se "compor os hinos" ou mesmo "Pintar as faces do vitral". O Gladir fala de um tempo de se "repintar os rodapés" e "Silenciar em meio à sombra do jardim". Tempo de reflexão e de aprendizado. Com isso aprendeu a esperar o tempo bom, a viração do tempo sul, para que se possa plantar, regar, colher.

Acho que neste aspecto, Alhambra também fala sobre a importância dos pequenos detalhes que passam desapercebidos por muitos, afinal, todos que conhecem a arte islâmica sabem da riqueza dos detalhes dos vitrais e dos tetos. Quem não se delicia com o som dos sinos e dos belos hinos de uma catedral? Por sua vez eu me pergunto: quantos ja pararam para notar o detalhe dos rodapés de uma grande catedral? De certo, não muitos. Talvez o trabalho nos rodapés seja o inicio de uma grande obra, talvez para se tocar os sinos seja preciso se preparar os rodapés, ou quem sabe o início de nossa jornada esteja nos rodapés. Antes de compor os hinos é preciso conhecer as Catedrais, é preciso saber da sua história, dos seus detalhes. É preciso esperar o tempo oportuno, mas antes que este tempo chegue é preciso que haja a preparação. Ou seria possível alguém colher sem antes arar a terra, lançar a semente, retirar as ervas daninhas e acrescentar os nutrientes necessários?

A segunda parte da música começa com uma frase interessante dentro do contexto. Fala sobre o dia em que a tristeza falou que o autor nunca mais seria alguém. Fico pensando, talvez no momento em que o poeta se debruçou sobre os rodapés, lhe veio a tristeza de se pergunta se nunca mais ele poderia compor. Será que ele nunca mais poderia tocar os sinos novamente? Quem nunca passou por uma crise de falta de inspiração? Ou mesmo de um momento oportuno para criar? Talvez o tempo de pintar o rodapé parecesse um tempo de desperdício: eu deveria estar compondo grandes melodias, não pintando rodapés. Ano passado eu tive a oportunidade de ouvir o Silvestre Kulhmmann no S8 Cultural e uma das coisas que me ficaram marcadas na minha memória foi a apresentação da canção intitulada "O Silencio é a Semente":

Eu procuro uma canção dentro de mim,
Mas nada vem. Estou mudo.
Este silêncio é cortante, pontudo;
Dele nascerá um jardim.

Desta semente silenciosa
Brotarão botões de rosa
Pousarão mil borboletas
Pretas, azuis, violetas.

Neste canteiro,
Um girassol;
Ervas de cheiro,
Um pôr de sol.

O mundo inteiro
Pára pra ouvir o rouxinol
Cantar certeiro
Em sustenido e bemol.

Antes de apresentar este belíssimo soneto composto e musicado por ele, o Silvestre nos contou sobre um tempo em que enfrentou  uma crise de inspiração. Depois deste silêncio que durou um tempo ele finalmente conseguiu compor esta musica.
Ajoelhado diante dos rodapés, esta semente silenciosa brotou no coração do poeta. Silenciar em meio à sombra do jardim nos leva a compreender o momento de tocar os sinos e compor os hinos. Às vezes, é preciso silenciar para se ouvir a voz de Deus nas coisas pequenas da vida.

Mas deveras eu e o poeta não chegaríamos a esta conclusão assim tão facilmente. E foi por isso que a tristeza se chegou e quis lhe fazer acreditar que melhor seria pedir demissão e pular do trem do que continuar pintando os rodapés. Mas mesmo nestes momentos de reflexão solitária, Deus está presente e nos acolhe em meio a nossa própria dor, nos mostra a sua grandeza e as maravilhas das Suas Mãos, nos fazendo lembrar logo além daquelas muralhas existe um Portugual, e logo além, um mar, e além do mar um horizonte, uma Estrela D'Alva e um amanhã. E este amanhã trará consigo o tempo bom que eu tanto espero, o tempo de compor, de tocar os sinos, de colher, de regar e de plantar...

Não posso deixar de registrar aqui a minha admiração por esta belíssima canção, o meu especial apreço pelo poeta Gladir Cabral e também as minhas desculpas a ele e ao Gerson pela ousadia de me prestar a lançar uma fagulha de luz sobre uma canção tão bela e tão rica. Fique aqui registrado que estes comentarios são de minha autoria e os autores não tem nem mesmo ciencia disso (espero que eles nunca tenham, quero continuar sendo amigo deles, rsrsrs). Dificil falar sobre uma canção tão bela, principalmente para alguem como eu que entende mais de fórmulas e reações químicas. E ai pessoal? Voces concordam com minhas palavras? Discordam? Deixa um comentário...